terça-feira, 20 de setembro de 2011

Gata da Semana - Aline Calderaro

Aline é uma mulher envolvida com a cena rock desde pequenina. Ainda criança, convivia com os amigos de seus dois irmãos que diariamente sentavam no muro em frente a sua casa, próxima a praça da bica, todos eles headbangers que curtiam o som que partia de um certo Uno vermelho que tocava Incantation, Morgoth, Morbid Angel, Entombed e outras singelezas musicais.

Mas a gata dessa semana não foi influenciada pelas vertentes mais extremas da música e enveredou pelo bom e velho rock n’ roll. Fã de bandas gaúchas, Aline encontra no 25 Beer – bar que frequenta – uma extensão de seu lar, onde estão seus amigos e muitos de seus admiradores, que vislumbram na musa do bairro Santo Antônio um dos ícones femininos da ceninha local, ainda que não impunhe nenhum instrumento e não seja a mesma Aline dos traços de Adão Iturrusgarai.


Para Aline, exímia jogadora de bilhar e gata da semana, um fã anônimo dedica um poema de Álvares de Azevedo:

É Ela! É Ela! É Ela! É Ela!    

É ela! É ela! - murmurei tremendo,
E o eco ao longe murmurou - é ela!
Eu a vi... minha fada aérea e pura -
A minha lavadeira na janela!

Dessas águas-furtadas onde eu moro
Eu a vejo estendendo no telhado
Os vestidos de chita, as saias brancas;
Eu a vejo e suspiro enamorado!

Esta noite eu ousei mais atrevido
Nas telhas que estalavam nos meus passos
Ir espiar seu venturoso sono,
Vê-la mais bela de Morfeu nos braços!

Como dormia! Que profundo sono!...
Tinha na mão o ferro do engomado...
Como roncava maviosa e pura!...
Quase caí na rua desmaiado!

Afastei a janela, entrei medroso...
Palpitava-lhe o seio adromecido...
Fui beijá-la... roubei do seio dela
Um bilhete que estava ali metido...


Oh! de certo... (pensei) é doce página
Onde a alma derramou gentis amores;
São versos dela... que amanhã de certo
Ela me enviará cheios de flores...

Tremi de febre! Venturosa folha!
Quem pousasse contigo neste seio!
Como Otelo beijando a sua esposa,
Eu beijei-a a tremer de devaneio...

É ela! É ela! - repeti tremendo;
Mas cantou nesse instante uma coruja...
Abri cioso a página secreta...
Oh! Meu Deus! Era um rol de roupa suja!

Mas se Werther morreu por ver Carlota
Dando pão com manteiga às criancinhas
Se achou-a assim mais bela - eu mais te adoro
Sonhando-te a lavar as camizinhas!

É ela! É ela! meu amor, minh'alma,
A Laura, a Beatriz que o céu revela...
É ela! É ela! - murmurei tremendo,
E o eco ao longe suspirou - é ela!