sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

ENTREVISTA - Leandro Gomes (The Blazer Brothers)

O grande xamã do rock cachoeirense, Leandro "Led" Gomes, revela em mini-entrevista exclusiva para o blog como foi a mais recente apresentação da The Blazer Brothers em sua terra natal e traz à tona suas impressões sobre o cenário local na atualidade.

Led sempre pinta o sete onde quer que seja chamado
Como foi tocar em Cachoeira novamente após tanto tempo ausente dos palcos locais?  

Como a TBB passa a maior parte do tempo fora, rodando o Estado, a sensação é sempre a mesma quando se toca por aqui. É uma oportunidade de trazer o trabalho de volta pra casa. Mostrar um pouquinho do que se anda aprontando Estado afora. Temos a chance de olhar os rostos dos nossos amigos, familiares e conterrâneos na frente do nosso show. É literalmente voltar pra casa!

Houve um episódio engraçado - que poderia ter sido trágico - com o baterista da TBB. Conta pra gente o que foi que aconteceu.

O Vinny é um baterista empolgado, um baterista malabarista. Ele sente a música e se manifesta corporalmente. Em vários momentos do show ele costuma se levantar e "andar" pela bateria. E foi num momento desses que a coisa aconteceu. Nesse evento da RBS, a bateria estava presa com fios que iam até a estrutura atrás do baterista. Ele estava sobre o banco, numa de suas performances, quando saltou para voltar. Seus pés pousaram sobre esses fios, ele segurou-se com uma das mãos (para continuar tocando) em uma parede que não existia. Atravessou o fundo onde estava o telão e caiu a um metro e meio, direto no piso. Quando desci para vê-lo, ele estava um pouco atordoado ainda, mas não houve maiores consequências. Temos a filmagem em dois ângulos e acho que um dia ele vai nos liberar para postar no Youtube! (risos) 

A The Blazer mandando ver no pavilhão da Fenarroz
Como todos sabem, é raro a TBB tocar em Cachoeira. Os produtores culturais da cidade continuam desvalorizando a banda ou seria uma falta de valorização em geral com os artistas locais?  

É geral. Uma coisa que advém de sempre. Dizem que é uma coisa normal quando se é da própria cidade. Talvez seja, não sei, mas acho que Santa Maria e Santa Cruz são bem bairristas. O difícil lá é conseguir entrar de fora pra tocar. Seria o contrário daqui. Infelizmente o nosso povo também é indiferente. Cobram que você não toca aqui, mas quando você toca essas mesmas pessoas que te cobram, não vão te ver.

Os fãs querem saber: quando a banda toca novamente em sua terra natal?

Quando houver um evento a altura do patamar que suamos para conquistar. Não adianta você ir tocar sem suporte, em lugares que não te alcançam uma água no palco. Mas tenho pensado no circuito de bares. Acho que os "Raulzito" fariam sucesso. E com um power trio desse calibre às minhas costas, chega a cobiçar. Gosto é da estrada, os hotéis, os grandes públicos, os grandes palcos, mas vou pensar nos pubs... Nunca dei o braço a torcer por isso porque não queria virar uma banda gastronômica, mas os meus amigos estão quase me convencendo. Vamos pensar.

Led incorporando os espíritos de Jim Morrison, Raulzito e Syd Barrett
E qual é o teu recado de final de ano pra galera que curte rock na cidade? 

Que aproveitem as chances sem muita mesquinharia. Quando o cavalo é dado se olha os dentes sim, mas hoje em dia a odonto é animal. A cena rock daqui esteve morna de 2006 até bem pouco tempo. Uma época magra, sem chances de brotar. O movimento está forte agora com a fundação de entidades ou instituições culturais, como a ACR e a própria oposição. Até a briga de tribos favorece o movimento do todo cultural. E atualmente as movimentações são ricas, promovendo idéias e oportunidades. Meu Deus, diga que a cultura por aqui está crescendo, que aí eu grito: Ho Ho Ho! Feliz Natal!