Essa é pra recordar 2006, quando todo o conceito em torno desse termo "O Fim Da Várzea" surgiu. Um manifesto foi redigido pelos agitadores da ceninha, Tiago Jaime Machado (Bruxo) e Alessandro Ferrony. Confira os ideais da época, já que em função dos cinco anos que completamos ontem (com festa hoje!) memórias estão vindo à tona:
MANIFESTO O FIM DA VÁRZEA
Tudo o que é sólido desmancha no ar, já dizia um famoso escritor norte-americano. E é verdade: a aparente solidez de certas coisas se desmancha com um leve sopro e, nesse caso, um necessário sopro de novidade. Nós, amantes do rock em Cachoeira do Sul, cansamos de ver a nossa cidade engessada com as mesmas idéias das mesmas pessoas, algumas até que se julgam donas da história e da tradição do rock cachoeirense. Pura conversa fiada!
O rock, desde seu surgimento, sempre teve grandes referências, mas jamais admitiu a entronização mesquinha de pessoas e bandas que nada têm a acrescentar. Travamos uma verdadeira batalha para sairmos da várzea, das garagens, das escolas e conquistar espaços onde seremos respeitados como músicos, artistas e seres pensantes.
Queremos cavocar a cidade em busca de oportunidades que viabilizem o encontro de jovens identificados com a postura e sonoridade do rock. Sair das galerias, das escadas de bancos, das lojas de conveniências, das praças e conquistar uma esfera rock que integre os mais variados gêneros de guitarras distorcidas.
Nos incomoda ver algumas bandas que dependem exclusivamente da iniciativa de empresas e instituições caretas para ver o rock rolar vez que outra somente em praças e vilas de Cachoeira, a céu aberto e tendo sempre 20 minutos no máximo pra tocar para um público que não tem nada a ver, e ainda ter que ouvir um monte de restrições de organizadores que nada entendem do assunto: "pode isso, não pode aquilo".
Queremos ver as bandas de rock de Cachoeira cada vez mais fortes, mandando ver com suas próprias composições e eventualmente em algum cover. Criatividade já! Propomos a associação pela completa valorização da nossa arte, em espaços reconhecidos por nós como habitat natural da nossa cultura underground, onde a roupa que vestimos ou nossos sobrenomes não façam diferença, e sim a nossa forma de agir, pensar e se expressar. Criatividade, atitude e disposição são as palavras-chave. Não somente colocar em prática o lema punk "faça você mesmo", mas fazer bem feito e com freqüência. E isso vale pra todas as vertentes do rock!
Nosso conceito de diversão não está em fantasiar-se de butique e sair para dançar música ruim. O que queremos é bater o pé, pular e girar na roda livremente, no ritmo do bom e velho rock. É hora de todos colocarem suas vaidades e os duelos de egos na gaveta e esquecê-los por lá, e fazer mais do que nunca, e de forma definitiva, o rock rolar em Cachoeira do Sul!
