quinta-feira, 7 de abril de 2011

OFDV entrevista Ranho

Ranho é uma das figuras mais conhecidas da cena rock redneck, mesmo tendo a sapiência de ter vazado da várzea (viram que trocadilho ishhhpertu?) há algum tempo. Marcou época com a Sad Day, banda que lhe proporcionou transar com uma fã no meio de um milharal em Candelária certa feita. Agora pensa que é gente e adotou o nome artístico de "Lucas", uma maneira de se vincular ao seu maior ídolo, o Lucas da Fresno. Mesmo assim é um guri bom, filho do Acemar, outro cidadão de bem que vende pizzas fiado pro editor do blog. Então leiam a primeira entrevista tosca desta porcaria de blog:

Como foi que tu começou a curtir rock? Teve algum disco, alguma banda que te pegou já na infância?

Cara, acho que na real comecei a curtir rock meio tarde, porque cresci ouvindo duplas sertanejas, Zezé di Camargo e Luciano, Chitãoró e Xorãozinho, Leandro e Leonardo, Gian e Giovani e etc. Por não ter
nenhum "rockeiro" na família. Eu tinha uns 12, 13 anos quando acordei pra vida, foi o Guns que me fez curtir rock, ainda hoje digo que essa é minha maior influência, junto de outras bandas do hard rock e outras
que fui conhecendo com o passar dos anos.

E como músico, como foram teus primeiros passos? Até onde todo mundo sabe tua primeira banda foi a extinta Sad Day, ou teve outra antes?

Como músico foi quando voltei a morar em Cachoeira, lá em 2004. A primeira banda que tive foi a EXKILLSME (se liguem nas entrelinhas, rola um KILL ME ali heaiuhieh), tocávamos uns new metal e coisas nada a ver entre si, não durou muito tempo, era um pior que o outro na época, auhiaeuhhae. Foi
onde me "inseri", digamos assim, na cena rocker de Dogville e me fez aprender bastante, principalmente por tocar um tipo de som que eu não estava acostumado. Hoje, alguns que tocavam comigo naquela época, se tornaram uns BAITA músicos, só eu que não :p

Ranho quando começou a tocar

Quais foram os melhores momentos que tu viveu com a Sad Day? E quais tu deseja esquecer?

Cara, momentos bons foram todos os shows que fiz com essa banda, sem excessão (NOTA DO EDITOR: vejam como é legal fazer entrevista por e-mail, os queras escrevem "excessão" quando o correto é exceção), todos marcaram muito, principalmente os feitos nos últimos meses de vida da banda, inclusive o último, no extinto Burdog, que eu caí na introdução da música e por lá fiquei tocando deitado quase a
música inteira. O momento que eu gostaria de esquecer foi a noite em que rolou a reunião na qual a banda acabou, foi bem ruim saber que nosso sonho, por hora, havia acabado.

Tem gente que em 2011 ainda lamenta o fim da banda. Quais foram os reais motivos da separação?

Cara, que bom saber que tem gente que lamenta, legal mesmo =D O principal motivo acho que é melhor deixar quieto hehe, não quero, mais uma vez, sair de vilão da história. Mas digo que foi uma certa
desavença por um motivo que ajudaria a melhorar a banda. Acontece quando pessoas não aceitam críticas né, fazer o que.

Até hoje tem quem tente, mas em se tratando de bandas cachoeirenses só a Sad Day e a The Blazer Brothers tiveram o gostinho de tocar ao vivo no Radar, da TVE. Como foi aquela experiência?

Cara, foi foda demais. Sem palavras, para muitos pode ser algo pouco, algo pequeno, tocar em um programa de um canal local, mas para nós foi a realização de um dos sonhos que tinhamos com a banda, acho que foi
nosso auge, depois daquilo, muitas portas se abriram para nós. Uma experiência única e que eu espero poder repetir logo.


Sad Day no Radar
Depois da Sad Day, tu foi pra Denver, correto? Por que não seguiu adiante com a banda?

Sinceramente falando? Eu não nasci para ser vocalista principal heaiuhaeihihae. Sério, essa experiência com a Denver me bastou para ver isso. Mas por outro lado foi uma banda que me fez crescer muito como músico, os caras todos muito técnicos, aprendi muito.

Hoje em dia tem a Vittória. Como é tocar com a patroa? Não rola stress?

Aaaaah, claro que rola né, cara. Mas nada demais também, nada diferente que o stress que às vezes rola com os outros. Rola uma briguinha aqui e ali em casa e vamos pro ensaio meio de cara um com o
outro, mas é normal, meia hora ensaiando já basta pra voltar ao normal ;)


A patroa
Mesmo tendo ido embora de Dogville tu continua sendo lembrado como um dos primeiros emos da cidade. O quanto isso te incomoda? Se é que incomoda...

Sabe, cara, já me irritei muito com esse papinho, mas não dou bola faz um bom tempo. Que bom que sou visto assim, na real o que sempre me irritou foi a galera não saber de nada e ir na modinha, esse lance me
deixa puto, e na real eu acho babaquice esse lance de "ser" ou "não ser" emo, acredito na música EMOCORE, que existe sim e é um lance lá dos anos 80, início de 90, coisa que eu duvido que muitos "emo"
saibam, maaaaas enfim...

Quais são as diferenças e similaridades entre as cenas dogvilleana e a do Vale dos Sinos, onde tu agora tá inserido com a Vittória?

Cara, uma baita diferença é que aqui tem onde tocar, mesmo sendo poucos os lugar (NOTA DO EDITOR: "os lugar"...) e talvez não tendo como comparar com Cachoeira, existem lugares que abrem espaço pra bandas novas sem ter que implorar por um canto. Outra diferença é o RESPEITO, se vamos tocar em um lugar onde bandas de outros estilos vão tocar, não tem aquele babaca que se esconde lá no fundo pra poder gritar: "EMOOOOO". E, cara, ROCK é ROCK, seja por aqui ou aí ;)


Cabelo cortado pelo Ratão Mais Calor
E os trampos como produtor? Além do álbum da Hunterself, recém produzido por ti, o que mais rolou ou tá rolando?

Cara, eu gravei a EP da Hunterself no ano passado e atualmente tô gravando os sons da VITTÓRIA, eu tô investindo bastante nisso pra um dia poder abrir meu estúdio, mas no momento não tenho como competir
com os caras daqui, mesmo confiando no meu trabalho e sabendo que faço melhor do que muitos que tem estúdio. Infelizmente eu acho que muita gente não leva fé ou vai atrás do status de gravar em um estúdio
bacaninha, sempre rola umas fotos tri né =D

Atualmente, sente mais prazer produzindo ou tocando?

Produzir se tornou uma paixão, faço gravações há uns cinco anos e só agora tô conseguindo investir, cada vez mais se tornou um vício e posso tirar uma grana fazendo aquilo que curto, mas nada substitui o prazer
de fazer música, de tocar em uma banda, de estar em um palco, nada mesmo.

OK. Vamos encerrar como nos fanzines dos anos 90, é craro! Deixe um recado pra juventude caipira que vai ver o show da Vittória na festa de cinco anos d'O Fim Da Várzea.
Seguinte, galera, pra mim esse show vai ser muito especial pelo fato de estar tocando em casa, é sempre muito bom fazer um som com amigos e para amigos, a gente tá preparando um show FODA pra Cachoeira, ouso dizer que o Galaxy vai ser pequeno. Compareçam, apoiem a cena local, apoiem a música independente, apoiem o ROCK, indiferente do estilo. Tenho certeza absoluta que a Ace of Spades, a Fatality e a Hunterself
também estão preparando shows pra fazer tremer o Galaxy véio e estourar a hemorróida do Alemão. Bóra lá tomar um trago, ficar bêbado, curtir a música de qualidade e no fim da festa vomitar um pouco. Abração, meu povo, nos vemos dia 16. A vida segue e o rock não para.